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As Flores na Pintura através dos tempos – parte 2

Século XIX – as correntes opostas do Romantismo e do Realismo

Romantismo – Misticismo e Emoção

O século XIX é prolixo em correntes artísticas que se diferem muito entre si, estando por vezes assentes em ideais totalmente opostos, como é o caso das correntes descritas neste artigo: o Romantismo e o Realismo.

O estilo neoclássico do século XVIII e XIX (abordado no artigo anterior) vai conviver com o estilo do Romantismo, que se encontra no lado oposto do espectro no que se refere a temas, técnicas e mensagem.

O Romantismo foi um movimento artístico e intelectual que atingiu o seu auge entre 1800 e 1850, caracterizado pela ênfase na emoção e individualismo, bem como na glorificação do Passado e da Natureza.

Os artistas românticos partilhavam assim, para além da idealização do Passado como uma época mais nobre (preferindo o período medieval ao clássico) o fascínio pelo misticismo e a fantasia. São famosas as pinturas com fadas, figuras mitológicas e cenas medievais como temática central.

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“The evening star” de John Simmons, 1868
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“Paradise with angels” de Hans Zatzka, data desconhecida
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“Classical Figures in Landscape” de Hans Zatzka, data desconhecida

Muito variada nas suas manifestações, esta corrente sustentava-se filosoficamente em três pilares: o individualismo, o subjetivismo e a intensidade. Opondo-se à ordem e à rigidez intelectual clássica, os artistas românticos davam primazia à imaginação e à expressão individual, alcançando assim o sublime através da arte.

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“Romeo and Juliet” de Frank Discksee, 1884

Uma ramificação do Romantismo que usa as flores como elemento fundamental, foi a corrente artística dos pré-rafaelistas. A Irmandade Pré-Rafaelita designa um grupo de pintores ingleses constituído em 1848, que tinham como objetivo fundamental a recuperação da pureza que caracterizava as pinturas medievais, anteriores ao pintor renascentista Rafael e, logo, anteriores à tradição da arte académica. Pretendiam devolver à arte a sua pureza e honestidade anteriores, que consideravam existir na arte medieval do final do Gótico e do início do Renascimento. Estes desenvolveram um conceito estético relacionado com a elevação da emoção e da vividez de cores. Os temas mitológicos, cenas medievais e cenas clássicas são temas recorrentes. As flores são um dos símbolos mais importantes usados por estes pintores, embebidas de significância poética, despertando a imaginação das pessoas até aos dias de hoje.

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“The Soul of the Rose” de John William Waterhouse, 1903
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“La Ghirlandata” de Dante Gabriel Rossetti, 1871-1874
“Windflowers” de John William Waterhouse, 1902
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“Ophelia” de John William Waterhouse, 1894
“Ophelia” de John Everett Millais, 1851-1852.

Realismo – Sobriedade e Razão

Praticamente paralela a esta corrente do Romantismo, no início do século XIX surge em França a corrente do Realismo. Ligada de forma estreita à progressiva industrialização e aos avanços científicos trazidos pela Revolução Industrial, este estilo de pintura deixa de lado as visões subjetivas e emotivas da realidade. Entre 1850 e 1890 o Realismo espalhou-se pelo Europa, rompendo com o tradicionalismo do Romantismo e do Neoclassicismo.

O Realismo procurou não só incorporar o progresso científico da época na pintura, como trouxe também à sua arte reflexões acerca da grande desigualdade social. Mas acima de tudo esta corrente foi uma forma de superar as tradições românticas e clássicas.

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“Les Demoiselles du bord de la Seine” de Gustave Courbet, 1857. In Musée du Petit Palais, Paris

A pintura do Realismo começou por manifestar-se no tratamento da paisagem, que se despiu da exaltação e personificação românticas do Romantismo, para se focar simplesmente na reprodução desapaixonada e neutra do que se oferece à vista do pintor. Passou depois aos temas do quotidiano, que tratou de forma simples e crua, sem nada acrescentar ou retirar à realidade, algo totalmente inovador na pintura do século XIX.

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“Le bouquet de marguerites”, de Jean-François Millet, 1866. In Musée d’Orsay, Paris

O grande objetivo dos pintores realistas era retratar a realidade do povo de maneira concreta e não uma forma ideal como nos movimentos anteriores. Entre os temas mais desejados estão à paisagem e os retratos. As cores eram sóbrias e a pincelada era livre, o que resultava numa representação nítida da realidade que os cercava.

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“Les soucis” de Gustave Coubert, 1862. In coleção Ph de Cossé-Brissac, coleção Kaspar Llg, Suiça

O Realismo reage assim à estética mística do Romantismo e pratica a arte assente na crítica à sociedade industrial. Nas últimas décadas do século XIX, a nova corrente do Impressionismo desloca-se da temática social e abala o mundo da arte, alterando para sempre as formas de produção, a crítica e o conceito de beleza. Esta corrente será abordada no próximo artigo. Não perca!

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