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O Romantismo da Era Vitoriana Numa Colecção do Século XXI

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Quando comecei a prensar flores para a “sweet violet” senti-me inspirada pela versatilidade que as flores prensadas oferecem. É possível criar trabalhos de inspiração mais moderna e minimalista - nomeadamente fazendo uso das transparências (que adoro!) - mas também outros que nos remetem para outras épocas históricas, com uma vertente vintage.

Para a criação desta nova coleção tive necessidade de ter uma abordagem mais concreta. Se a minha coleção inicial se baseou muito no trabalho de decoração que fiz para o meu casamento (tema que abordarei noutro artigo) para esta colecção decidi abordar a concepção da mesma como um reflexo de um conjunto de ideias e de sentimentos e com um conceito visual mais concreto.

  1. Como criar uma coleção

INSPIRAÇÃO: Na concepção de uma colecção a inspiração é a base fundamental, o ponto de partida. Nesta fase recorremos a referências através de uma pesquisa aprofundada, que podem ser outros artistas, obras históricas ou a própria Natureza. No início da concepção de uma colecção não só a criatividade entra em acção, mas também o desejo de evolução e expansão de horizontes – nada como nos desafiarmos a nós próprios para levarmos os limites da nossa imaginação mais além! A vontade de trabalhar com novos materiais, por exemplo, origina um leque vasto de possíveis novas criações.

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PLANEAMENTO: Nesta fase temos de fazer um levantamento dos materiais a usar, a sua disponibilidade e o custo envolvido, bem como a quantidade necessária, de forma a optimizarmos o trabalho e a reunirmos informação para mais tarde colocarmos o produto no mercado. Especialmente se estamos a usar materiais novos, há que os testar, de forma a fazer com que na fase de produção se diminua o desperdício, ou seja, os artigos que saem mal (que acreditem, acontece!).

PRODUÇÃO: A minha fase favorita, quando metemos mãos à obra! É muito importante ter um espaço de trabalho organizado, ou pelo menos é isso que digo recorrentemente a mim mesma, já que quando estou a criar tenho tendência a fazer uma grande confusão! Mas no final do dia há que limpar, reorganizar, para no dia seguinte estarmos prontas para mais um dia a criar! Há que produzir tendo em vista uma previsão do que se vai vender, para não pecar nem por excesso, nem por defeito.

2. A inspiração para a colecção vintage: A prensagem de flores no século XIX

Para mim, as flores e plantas prensadas coladas sobre papel remetem-me instantaneamente para a época vitoriana do século XIX e foi precisamente essa a inspiração para a colecção vintage! Esta colecção procura evocar então este sentimento nostálgico aliado à sensibilidade e delicadeza das composições e o retorno à beleza e simplicidade da Natureza, um dos ideais por excelência da época do Romantismo.

Flores prensadas num livro do Museu Rosson House em Pheonix, EUA https://heritagesquarephx.org/

Creio que aqui se vai notar a minha profissão como arqueóloga, já que tudo o que é História é uma fonte de constante admiração e inspiração para mim! O Passado está repleto de exemplos de extrema beleza e delicadeza no que a prensagem de flores diz respeito!

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Imagem do livro de 1819 “La Langage des fleurs” de Charlotte de la Tour. Le Langage des fleurs - Collection De natura rerum - Editions Klincksieck

Apesar de ter tido a sua origem no século XVI no Japão – onde esta arte tem o nome de “oshibana” – na Europa é durante o século XIX que a prensagem de flores atingiu o seu apogeu. Não só como uma forma de preservar flora pelos cientistas - que desde o século XVI haviam começado a catalogar de forma científica plantas e flores nativas e exóticas (nos chamados herbários) - mas começa também a ser considerado um passatempo exemplar para as senhoras da classe média e alta sociedade. Estas juntavam-se para colher flores nos seus jardins e em passeios pelo campo e prensavam-nas em livros. Apesar de o significado atribuído às flores vir desde a Antiguidade, foi nesta época que estes significados atingiram o seu expoente máximo, servindo as flores como forma de comunicação, numa época em que esta era maioritariamente indireta e cheia de simbolismo.

Estas flores eram então preservadas em diários, artigos de papelaria e mesmo emoldurados para decoração interior. Como já foi referido, eram usadas também para estudos botânicos, já que o processo de prensagem permite a sua preservação e estudo a longo termo. O próprio Charles Darwin colheu espécimes de herbário na viagem a bordo do Beagle, que foram enviadas à Universidade de Cambridge, como presente para seu amigo e mentor, o professor John Henslow. Os herbários eram então a forma de catalogar flora de maneira mais formal, mas a prensagem de flores floresceu também de forma mais artística, poética e romântica, de forma a preservar momentos especiais.

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Herbário de Bernardus Wynhouts (1633)
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Espécie de feto recolhido por Alfred Russel Wallace no Bornéu. © Cambridge University Herbarium

Assim, na época vitoriana a prensagem de flores começa a ser encarada com uma vertente artística e romântica. Queriam incluir a Natureza no dia-a-dia, tornando a prensagem de flores numa forma de arte, servindo como lembranças de momentos passados. Esta prática era um reflexo do fascínio pela Natureza desta época e o ideal romântico da captura da beleza efémera.

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Delphinium grandiflorum (Recolhido por Herb Smith). Delphinium grandiflorum - The Linnean Collections (linnean-online.org)
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Quadros com flores prensadas século XIX. Biblioteca da Universidade da Carolina do Norte, EUA pressed_flower_picture500.jpg (500×453) (unc.edu)
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Quadro em tecido com moldura em veludo do século XIX, USA

A famosa poetisa americana Emily Dickinson compilou um herbário espetacular com mais de 400 flores, num livro que complementa a sensibilidade da sua poesia. Na imagem, a página dedicada às variedades de violetas!

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Página do herbário de Emily Dickinson, dedicada às violetas Dickinson, Emily, 1830-1886. Herbarium, circa 1839-1846. 1 volume. Houghton Library ©President and Fellows of Harvard College Harvard Mirador Viewer

A rainha Vitória prensou flores praticamente a sua vida toda, de forma a relembrar momentos especiais, como um passeio com o seu marido ou o aniversário do seu jubileu (na imagem vemos flores de um bouquet que lhe foi oferecido no seu jubileu de diamante, celebrando 60 anos de reinado).

Flores prensadas pela rainha Vitória de um bouquet recebido aquando do seu Jubileu de Diamante em 1897. Royal Collection Trust Queen Victorias pressed flowers (rct.uk)
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  1. Da inspiração à criação da colecção

Tendo então a estética e materiais em mente, falta uma das componentes mais especiais desta coleção: as molduras. Para esta colecção usei exclusivamente molduras antigas, por isso os artigos são verdadeiramente vintage! Muitas delas estão na minha família há muitos anos, tendo-as herdado dos meus avós e mesmo bisavós - que tenho a certeza teriam apoiado de todo o coração este meu novo projeto! Algumas estavam a precisar de restauro, tendo sido recuperadas com todo o carinho.

Esta coleção é feita com colagem dos elementos florais e vegetais em papel de elevada gramagem e alta qualidade, com cores que realçam a beleza dos elementos florais e vegetais. Todas as flores e plantas foram colhidas por mim no meu jardim ou no campo e prensadas usando métodos tradicionais durante cerca de 5 semanas.

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Foram escolhidas flores que nos remetem para este carácter nostálgico, delicado e romântico, como as flores de cenoura-brava (que têm um nome muito mais romântico em inglês – “Queen Anne’s Lace”!), brincos-de-princesa (uma das minhas flores favoritas!), fetos recolhidos na Serra de Sintra e muitos outros! O preto, elementos florais contrastantes e molduras douradas são predominantes e servem de fio condutor desta coleção.

Descubra-a já no site!

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Como Prensar Flores: Um Guia Completo Para Iniciantes

Várias razões o podem estar a levar a pensar que gostaria de experimentar prensar flores. Pode ter visto nas redes sociais arte com flores prensadas e ter adorado. Você pode ter um ramo de flores que lhe ofereceram recentemente e já está a pensar que lhe vai partir o coração quando tiver de o mandar fora. Pode ter um lindo jardim florido e estar a pensar em como seria óptimo preservar algumas das suas flores favoritas da estação e incluí-las na decoração da sua casa. 

Pode estar à procura de algum projecto DIY que envolva a natureza. Qualquer que seja a razão, aqui estão as melhores dicas para começar! Espero que a minha experiência ajude a evitar alguns erros comuns e a ter bons resultados logo nas primeiras tentativas!

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1. Que flores prensar

Infelizmente, nem todas as flores são boas para prensar! É uma pena, mas é verdade e sabendo isto vai estar preparado mentalmente para alguns insucessos. Não serão culpa sua, simplesmente algumas flores não prensam bem! 

Para começar escolha flores com poucas pétalas e com pouco volume. Se for colher flores no campo, escolha pequenas flores silvestres como papoila, dentes-de-leão, malmequeres, ervilhas-de-cheiro, etc. Dê um passeio e deixe-se inspirar pela beleza da Natureza!

 

Se tiver um jardim, as hortênsias são uma óptima flor para começar, bem como os amores-perfeitos, gerânios e buganvílias.

Infelizmente as rosas não são boas para prensar! Nem qualquer outra flor com muitas pétalas, já que retêm muito humidade. É possível obter bons resultados, mas para quem está a começar, o meu conselho é manter-se afastado das rosas, dálias, crisântemos, ranúnculos, etc. 

Evite também as flores brancas, já que são as que ficam com coloração castanha mais rápido e esta é bastante difícil de evitar.

As flores tropicais por norma também não são boas para prensar especialmente por quem está a iniciar. Têm um elevado conteúdo de água, que dificulta a secagem. Orquídeas, sterlizias, flores de cactos em geral, são de evitar.

Muito do processo de prensagem de flores tem haver com a experimentação e a repetição. Demora muito até eu desistir de prensar um tipo de flor, primeiro tenho de tentar todas as alternativas! Mesmo as que li que não funcionam! 😉 por isso tente, o pior que pode acontecer é não correr como idealizou. Mas o insucesso serve para isso mesmo, para melhorar e conseguir melhores resultados numa próxima tentativa.

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2. Que material preciso para começar

O ideal é ter uma prensa de flores, os resultados são sem dúvida os melhores. Mas para começar, fazer experiências para ver como corre ou para fazer um pequeno projecto (com o seu filho por exemplo) pode usar livros. Quanto mais pesados melhor!

Vai precisar de papel para pôr entre as flores e as páginas dos livros para não manchar as páginas e para absorver a humidade. O melhor sem dúvida é o papel mata-borrão, mas também é o mais dispendioso. Na realidade no início obtinha óptimos resultados com papel de forno. Apenas não caia no erro de usar papel absorvente (tipo papel de cozinha). Como este papel tem sempre um padrão em alto-relevo, este passa para as flores, que ficam marcadas.

Precisará também de tesoura, uma da poda e outra mais pequena para o corte de precisão

3. Passo a passo

-  Colha as flores com o tempo seco (não pode ter havido chuva há pelo menos 3 dias) e sempre quando o orvalho matinal já tiver desaparecido. A hora ideal é final da manhã e tarde.

- Monte a sua estação previamente com o papel (mata-borrão, de forno, etc.) cortado ao tamanho da prensa ou das páginas dos livros que vai usar. Se usar uma prensa, não se esqueça do cartão que terá de pôr entre as várias camadas de papel com flores.

- Corte as flores com uma tesoura da poda e coloque-as num cesto de forma a não se danificarem. Escolha flores que estejam totalmente abertas e sem pétalas danificadas ou secas.

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- Na sua estação, corte o caule da flor na sua totalidade deixando apenas a coroa da flor. Coloque-as em fila no papel, viradas para baixo para melhores resultados. Deixe pelo menos 1-2 cm entre cada flor de forma a que quando prensadas não se sobreponham. Coloque outro papel por cima e ponha entre duas páginas de livros, ou entre os dois cartões da sua prensa de flores.

- Repita o processo até tratar de todas as flores que colheu. Por fim, feche e aperte a prensa, ou coloque o máximo de peso possível sobre os livros. A área onde deixará a prensa ou os livros deve ser seca e arejada.

4. Quanto tempo demora até as flores estarem secas e prensadas.

Aqui, pela minha experiência, depende da flor mas também da estação do ano. Como desenvolvo a minha actividade em Portugal e os verões são muito secos e quentes, no Verão algumas flores secam em 2-3 semanas. Mas no Outono e Inverno demoram mais, entre 6 a 8 semanas. É verdade, envolve alguma paciência! Tenha isto em conta quando fizer as suas primeiras experiências, que as flores demorarão pelo menos um mês a estarem prontas.

Há quem defenda que não se deve abrir as prensas nem verificar as flores durante o processo, mas pela minha experiência, especialmente com flores com mais conteúdo de água ou mais volumosas (como os brincos-de-princesa - Fuchsia Hybrida - por exemplo) o papel deve ser mudado durante os primeiros dias. Desta forma evita-se a acumulação de humidade, que pode apodrecer a flor.

5. O que fazer com as flores prensadas

As opções são quase intermináveis! Postais, marcadores de livros, etiquetas para prendas…! Veja a minha loja online para se inspirar!

A prensagem de flores é fácil e pode ser feita com muito pouco recursos, mas envolve muita paciência, tempo e muitos insucessos, especialmente no início. Não se sinta desencorajado por eles! É a superação destas falhas que o vão tornar melhor - e este conselho aplica-se a qualquer área da nossa vida!

Por favor usem os comentários para expor qualquer dúvida que tenham! Estou ao vosso dispor para ajudar!

Comentem se acharam este artigo útil!

Obrigado por lerem e tenham uma semana repleta de flores!

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